sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Por trás de uma bela matéria jornalística:



Veja esta matéria antes de ler o texto abaixo:

Durante a produção desta matéria eu estava no local quando o repórter entrou na escola para fazer as imagens. Na verdade ele não pediu licença para entrar na escola e começar a filmagens. Assim que chegou saiu entrando e filmando o único lugar que essas pessoas que perderam tudo tinham de privacidade. Apenas diante da câmera pediu licença.

Uma escola que agora serve de casa para diversas famílias e muitas crianças, que precisam dividir as salas como se fossem quartos. Dormem em colchonetes doados, dividem roupas e alimentos doados e assim procuram cuidar dos seus filhos e daquelas crianças que perderam seus pais.

Depois de invadir o que sobrou de privacidade dessas famílias foi a vez de atrapalhar a brincadeira das crianças, um dos poucos minutos do dia que elas conseguem não pensar em nada triste e sorrirem. Nesse momento o grupo de jovens da Juberj (Juventudade Batista do Estado do Rio de janeiro) estava fazendo brincadeiras com as crianças e o jornalista e sua equipe de filmagem entrou no meio, novamente sem pedir licença. É claro, as crianças pararam de brincar para ver o “cara com a câmera”.

Mas tudo bem... quem não quer aparecer na TV?!

Depois ele foi entrevistar uma voluntária da escola e enquanto a entrevista acontecia uma mãe passou mal e teve que ser carregada imediatamente para um posto de saúde. No mesmo instante as filhas dela entraram em desespero e começaram a chorar intensamente. Era o medo de uma criança que perdeu tudo e passou por situações muito difíceis.

Os jornalistas demoraram cerca de 15 minutos no local e foram embora.

Agora eu pergunto: O que aconteceu com aquela mãe? O que aconteceu com aquelas crianças? Qual a diferença que aquele jornalista fez na vida delas? Foi para quê aquela matéria? Qual a função real daquele jornalista, não só como jornalista, mas também como ser humano? Quantas tragédias mais os jornalistas vão só observar?

Curiosidades: Sabem como aquela matéria chegou tão rápido no Rio de Janeiro para ir ao ar no mesmo dia? Um helicóptero leva as filmagens para o Rio. Sabem como chegam as doações nesta escola, no interior de Teresópolis? Atrás de carro e caminhões de voluntários. Mas tem uma observação. Neste dia as crianças e todo mundo que estava no local tiveram que consumir tudo o que tinham de danones porque o prazo de validade vencia no dia seguinte. Será que vencia no dia seguinte porque demorou muito tempo a chegar na escola?

Mas... de qualquer forma é legal aparecer na TV e as pessoas precisam ver o que acontece.

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