Um lenhador alemão acordou cedo, procurou o machado mas não o encontrou. Furioso, passou o resto do dia olhando atravessado para um vizinho, que supunha ladrão. Para ele, o vizinho tinha jeito de ladrão, andava como ladrão e sussurrava como um ladrão que quer esconder-se. Estava tão cedo de sua suspeita que resolveu ir à polícia dar queixa do vizinho. Mas antes, trocaria de roupa. Quando entrou em casa para fazer isso, achou o machado, que sua mulher havia colocado em outro lugar. O lenhador saiu de novo, e de novo observou o vizinho, e notou que ele andava, falava e se comportava honestamente como qualquer outra pessoa.
O julgamento assentado em aparências pode nos levar a cometer injustiça, menosprezar os bons cooperadores, denegrir a imagem dos outros e até ao extremo de matar o melhor amigo. Como na história a seguir:
Eram quatro: o garimpeiro, a esposa, o bebê e o cão. Depois, ficaram três, porque a jovem esposa não suportou o rigor do inverno e morreu.
O trabalho não podia parar. Enquanto o garimpeiro procurava diamantes, o cão fiel ficava na cabana tomando conta do bebê.
O lugar era ermo, e o garimpeiro não tinha vizinhos. Só os lobos, em alcatéia, apareciam por ali à procura de alimento.
O cão era valente, de boa ração, e não seria qualquer lobo que o venceria.
E a vida ia correndo...
Uma tarde, ao regressar de uma caçada, o garimpeiro ouviu o latido do cão, que saiu porta fora a encontrá-lo.
Mas o que era aquilo?
O animal estava todo sujo de sangue. Raciocinou rápido e concluiu ainda mais apressado: o cão deve ter sido atacado de raiva, matou o bebê, e agora certamente me atacará também. Não titubeou. Apanhou a espingarda, mirou e atirou, matando imediatamente o cão. Livrara-se de grande perigo, pensou.
Entrou em casa para se dar conta do equívoco infeliz: lá estava o bebê dormindo tranquilamente. Ao lado, com o pescoço quebrado, jazia um lobo morto.
Pr. João Soares da Fonseca.
Um comentário:
Linda estoria com boa moral.
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